O intuito desse curso é proporcionar um conhecimento básico na " Arte de Contar Histórias". É direcionado para pessoas que desejam ser uma contador de histórias, ou para você que já é um contador de histórias. .
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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

MÓDULO I - O Contador de HIstórias

Podemos considerar que a história no contexto da criança é muito importante, para o seu desenvolvimento e pode ser utilizada também como um recurso para o processo de educação musical. Nessa perspectiva a forma de se contar as histórias pode se alterar de acordo com a utilização da voz, do corpo ou outros objetos para ilustrar sonoramente a narrativa. (BRITO, 2003).

Sendo assim, existe a possibilidade de [...] pesquisar e experimentar os mais diversos sons vocais: imitar as vozes de animais, o barulho da água, do trovão, o som de instrumentos musicais, o ruído de portas abrindo ou fechando, o ronco de motores...Também podemos explorar os sons produzidos com o corpo [...] (BRITO, 2003, p. 163).

Dessa forma para ilustras a proposta vamos evidenciar uma atividade possível de ser realizada com crianças.

Um homem vinha andando calmamente pela rua (batida na perna, com velocidade moderada) quando avisou, do outro lado, um cavalo que vinha trotando (reproduzir o trotar do cavalo batendo palmas, batida da mão esquerda na perna esquerda, batida da mão direita na perna direita).Ele se distraiu olhando o cavalo passar e nem percebeu quando um pingo de chuva caiu sobre si (batida leve do dedo indicador na palma da mão).Não demorou e caiu uma tempestade (palmas com as pontas dos dedos, batidas dos pés para os trovões etc). O homem saiu correndo (batidas nas pernas aumentando a velocidade) etc. (BRITO, 2003, p. 163).

Outras formas de utilizar a música e o som como recurso para aprimorar a contação de história está em [...] sonorizar histórias usando objetos e materiais sonoros, aproximando-se dos recursos empregados nas antigas radionovelas, na época em que não havia televisão, e o ouvinte, ao escutar, imaginava toda a situação, enriquecida pela sonoplastia. (BRITO, 2003, p. 163).

A sonoplastia tenta aproximar-se dos sons que pretende ilustrar com a maior precisão possível, usando, para tanto, materiais variados.Exemplo: bater uma casca de coco na outra, ou no chão, pode imitar muito bem o trotar de cavalos. (BRITO, 2003, p. 164).

Instrumentos musicais também podem ser utilizados para o desenvolvimento das atividades com histórias.São exercícios de percepção e discriminação auditiva que apuram a sensibilidade e a escuta, além de estimular a imaginação e a criatividade. (BRITO, 2003, p. 165).

Quanto a prática do profissional pode variar as ações sendo que o educador pode contar a história e realizar o som ou contar a hístórias e outra pessoa tocar os instrumentos.

Transcendendo a idéia de sonoplastia, conforme já abordamos anteriormente, é possível utilizar uma história ou situação para realizar uma improvisação ou composição musical.Os dois trabalhos se assemelham, mas, neste caso, a ênfase muda: com base numa história determinada, escolhe-se um timbre para representar sonoramente cada personagem, sem a intenção de imita-la, aproximando-se dos jogos de improvisação, conforme a descrição anterior. (BRITO, 2003, p. 167).

[...] As bandinhas por imitação têm sua importância, mas é preciso ampliar o trabalho incluindo a criação e a elaboração de arranjos junto com as crianças. (BRITO, 2003, p. 173).

Antes de tudo, é importante que os educadores e educadoras se sintam capazes de criar arranjos simples e adequados ás possibilidades de realização musical das crianças, pois só assim poderão inserir seus alunos nesse importante e gostoso processo de criação. (BRITO, 2003, p. 173).

[...] E, embora o verbo improvisar tenha vários sentidos, para improvisar é – sempre – necessário articular o pensamento, as idéias e as ações; conhecer e contar com um repertório de informações a respeito do assunto; estar alerta, animado, com iniciativa e criatividade para relacionar, fazer, inventar. (BRITO, 2003, p. 149-150).

Improvisar envolve uma séria de capacidades, não se limitando a realização superficiais, sem planejamento ou organização.

A improvisação musical das crianças é seu modo de brincar e de se comunicar-se musicalmente, traduzindo em sons seus gestos, sentidos, sensações e pensamentos, simbolizando e sonorizando, explorando e experimentando, fazendo música, história, faz-de-conta, jogos... . (BRITO, 2003, p. 150).

Portanto, ressaltamos não devemos negligenciar o fato que o contador de história deve constantemente buscar o aprimoramento para ampliar o seu repertório e entender as especificidades dos assuntos tratados que no caso permeia na música e na contação de história.

O que é importante saber: Uma das teorias bastante acessíveis ao novo contador de histórias é a identificação do conto como o corpo humano, apresentada por Gislayne Avelar Matos (em O Oficio do Contador de Histórias -Ed.Martins Fontes):
. O esqueleto- a trama essencial, o que sustenta o canto, a sua principal mensagem, o que ele pretende passar.
. Os músculos- as imagens que o contador utiliza para desenvolver a trama- objetos, elementos cênicos, efeitos sonoros, a músicas.
. O sangue e a respiração- a interpretação dada pelo contador- o ritmo, as pausas, a expressão corporal, a expressão verbal.
. O coração- o contador faz bater o coração da história quando dá o sentimento à trama através de seus personagens. E, principalmente, quando, ao olhar nos olhos do ouvinte, faz pulsar o conto “de coração para coração”.
NA África, aonde a tradição oral é uma importante característica cultural, costuma-se dizer que “quando morre um contador de histórias, é mais uma biblioteca que se queima”.
. O Espaço
Criar um espaço aconchegante, com boa acústica, sem interferência sonoras estremas é fundamental para que a Hora do Conto se estabeleça.
Um bom recurso é a delimitação do espaço cênico, onde o contador atua sobre um tapete o tecido. Pode se utilizar diversos recursos como tecidos com tramas diferenciadas, às vezes com linhas brilhantes, ou mesmo tapetes feitos de retalhos.
O público deve estar muito bem acomodado. As rodas de histórias devem ser montadas com almofadas, para que o público possa usufruir confortavelmente do evento.
É importante a proximidade física do contador de histórias com o público.

. Como recepcionar o ouvinte
É fundamental prepararmos um clima tranqüilo, para que o publico posa desligar-se do mundo externo e embarcar inteiramente na viagem do conto. A utilização de música de recepção, ou até mesmo, uma iluminação diferenciada pode oferecer boas condições.

. A magia se estabelece
O local e o clima já foram preparados. O público está sentado confortavelmente à espera do sinal.
Estabelecer o sinal através de um som especial traz a sensação do portal que se abre. É importante a utilização de instrumentos com sons variados, como o carrilhão, o sino, que determinam a chegada da magia.

. Dando vida ao conto
Ao interpretar uma história, o contador necessita de:
. Reconhecer a estrutura do texto, a partir da apropriação da história e de suas nuances- o começo (apresentação dos personagens e do local onde a história acontece), o meio (desenvolvimento do enredo principal, apresentação do conflito), o fim (a solução -o desfecho)
.O olhar

–Penetrar nos olhos do ouvinte, desvendando a chamada “quarta parede”, aquela que delimita a encenação exclusivamente ao palco.Este olhar também pode ser dirigido para dentro do próprio contador, para que ele possa perceber o que Paulo Freire classifica como fundamental ao comunicador: “como estou sendo para ser?”
. A expressão corporal

-Mostrar-se inteiro, perceber-se completamente envolvido com a história, desde a expressão facial até o andar -um corpo pulsante, envolvente, dinâmico.
. A expressão verbal

– A clareza da emissão vocal, a escolha da palavra para o perfeito entendimento do conto.
. O ritmo

– É um elemento fundamental para garantir a atenção do público.
Podemos dizer que o texto funciona como uma partitura e o contador é o seu regente.Para isso, é importante que o contador perceba as diferentes “climas” ou “momentos” que o texto propõe.
. Os cenários
Mostrar onde a história acontece, usando e abusando da criatividade na escolha dos materiais. Não é necessário um cenário explicativo, mas sim, instigativo, onde o público fique curioso para saber o que virá daquele lugar. É eficiente a utilização de tecidos e de ilustrações com texturas diferentes. O bom e antigo flanelógrafo (uma estrutura de madeira forrada com feltro preto) é muito bom para a criação de cenários, pois as ilustrações podem ser afixadas e removidas com facilidade.
. Composição dos personagens
A composição física do personagem deve refletir as suas características fundamentais: a expressão corporal, a expressão verbal, o ritmo, as pausas. Um excelente recurso é a apresentação do personagem através de um objeto que simbolize a sua essência (um pássaro pode ser apresentado como uma pena), ou ainda, utilizar uma concepção de história onde todos os personagens venham de um mesmo universo. Por exemplo: em um conto que fale sobre alimentação, apresentar os personagens a partir de utensílios de cozinha, ou como frutas e legumes. Outra possibilidade é a utilização de sons para caracterizar os personagens. Motivar o público a imaginar, instigá-lo na criação de um personagem em sua cabeça.
. Os efeitos sonoros
Um ótimo recurso utilizado largamente na época das radionovelas, possibilitando a criação de um cenário sonoro. Por meio dos efeitos das ações dos personagens ganham mais coloridos e os acontecimentos ficam mais reais – uma chuva acompanhada de trovões feitos com materiais inusitados (bexigas, placas de radiografia), passos, asas feitas com movimentos de folhas de jornais. Enfim, este é um criativo universo que desperta ( e muito!) o interesse dos ouvintes.
. Optando pela não utilização de materiais e a valorização da narrativa
A não utilização de materiais ilustrativos na composição de cenários e personagens implica no detalhamento dos elementos que possibilitem ao ouvinte compor estes elementos.Explorar cada ambiente e cada personagem, valorizando as sensações e sentimentos que eles possam despertar: “Era uma casinha azul, no fim da rua.N frente um pequeno jardim com rosas brancas e vermelhas. Na janela ,uma cortina xadrez e ,sobre a mesa, um vaso com flores amarelas muito perfumadas.”
. A interpretação
Não é necessário que o contador de histórias seja formado em artes cênicas, mas é fundamental que ele seja disponível ao jogo dramático, a oferecer seu corpo como instrumento do lúdico, a buscar a apropriação da palavra como forma insuperável de sentir-se pertencer no mundo. Para a interpretação dos personagens é importante que o público perceba as características individuais, suas especificidades expressas em gestos, forma de falar, olhares.

Tarefa:

  • A proposta desse módulo é que os participantes criem uma aula de como ensinar as pessoas a contar histórias. Em seguida enviar para o contato presente nesse site um vídeo com o conteúdo proposto.

Um comentário:

  1. Boa tarde tudo bem??
    Gostaria de saber como é o nome do livro de BRITO... POIS, ACHEI MUITO INTERESSANTE AS COLOCAÇÕES DELE OU DELA SOBRE A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA... E VC NÃO COLOCOU A REFERENCIA DELE... Abraços FICO NO AGUARDO

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